Saturday, July 08, 2006

Que dia...."fiquei aperreado"

Ontem tive um dia péssimo! Vamos começar pelo início, ou melhor, pelo meio, já que esta história começa na quarta-feira. Estávamos todos no ensaio, reunidos, realizamos o ensaio. O diretor fez aquilo que sabe fazer melhor, criticar, criticar, criticar. Assim fez, falou que as personagens estavam sem verdades, sem relações, que precisavam melhorar, que não existia sentimento. Que precisava de uma base de realismo. apontou que minha personagem estava vulgar, e extramamente racional em cena, que coincidência, fora do palco, ele adora me atingir com esta mesma critica por algum motivo que ele discorde. Algumas coisas foram compreendidas, realmente deveria mudar minha personagem em alguns aspcetos, mas o que ele desejava da personagem estava distante do que o texto apontava. Ele queria uma Catarina alegre, divertida, mas era uma personagem que detestava o interior que morava, passava o tempo atrás dos homens, tinha o sonho de viajar para São Paulo, fofocava da vida de todo mundo, como uma forma de sublimar sua insatisfação com a cidade, como ele mesmo disse, mas no tom de critica, a personagem ficava com a cara o tempo todo de nojo. E era isso a idéia da personagem, era esnobe, tinha cara de nojo, não poderia embustir uma falsa alegria, porque o diretor assim a queria. Analisando a personagem vamos ter Cena 1 com Catarina, chega corrida a beira do rio, procurando satisfação com a melhor amiga porque não a esperou pra descer o rio. Já de início fala que deseja ir para São Paulo, ver um "monte de gente", e que aquele lugar é sem graça. Dando continuidade a conversa, vai contar uma fofoca, quando chega duas beatas, que ela acha muita chatas, e de vez quando acontece um atrito com elas, ou então Catarina a chama só pra fazer pirraça as beatas. Briga feio com as beatas, depois chega Verinha, a muambeira, é quando fica um pouco mais leve, mas mesmo assim se chateia pois pensava que não trouxera seu "esmalte encarnado", depois fica feliz, e brinca com Verinha. Samba, mas sempre de pirraça com as beatas, e novamente fala de São Paulo e homem, mostrando sua insatisfação com aquele lugarzinho. Chega a prostituta da cidade, ela se lamenta, achando que elas que tem uma vida de verdade, pelo menos ela tem homem, saí de cena, mostrando esta insastifação. Enfim, faz sentido ter a cara de nojo. Quinta-feira, o diretor disse que chegaria tarde, ensaiamos livremente, alguns dando seus subtextos de forma alta, arriscando um monte de bobagens, se desfazendo das persongens anteriores, e nisso tudo sem sabermos, que estava atrás da porta o diretor escondido. Ensaiamos duas vezes, a primeira completamente solta, a segunda fazendo as limpezas necessárias. Sexta-feira, apresentamos o resultado ao diretor, sem saber que ele estava atrás da porta, no final do espetáculo ele despeja sua frustração como diretor e ser humano, dizendo que tínhamos feito uma palhaçada e não um ensaio, que ele ouviu tudo atrás da porta, principalmente quando chamaram ele de "papai". Se vocês conhecesem ele, você veriam que é verdade, fui eu que disse. Ele tem um tom autoritário, reclama que as pessoas com toda empáfia de um pai, na sexta-feira disse que queria ver trabalho e que nós deveríamos mostrar que somos bons, e depois diz que não é pai, paciência. E desde que eu me conheço como ator, ficar atrás de porta nunca foi procedimento de diretor, como ficou muito ofendido, resolveu descarregar sua raiva nas pessoas. Achei que era uma mistura de diretor e terrorista, uma pessoa que ficava atrás da porta não é séria, não pode ser chamada de diretor, fora o fato que a sua estratégia de direção estava equivocada, ficamos dois meses lendo um texto de comédia, no qual ele dizia que era para estudar o texto que ele modificava o tempo todo as falas. Ele queira que apenas que o texto fosse lido sem construção de personagem, depois num outro dia, falou que poderia já acrescentar uma voz, muito irritado falou que não era para ler frio, e depois disse que era já para trazer a personagem. Já trazer a personagem só lendo o texto. Algo equivocado nisso. Mas eu conheço muito pouco de direção. Acho ele um grande teórico, e grande conselheiro de cenas, mas um diretor que sabe conduzir com pouco competência grupos. Se ele gosta de ouvir atrás da porta, vai ficar maravilhado com esta janela aberta, espero que um dia leia. Final das contas, resolvi sair do grupo para não enlouquecer junto com ele.

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