Sunday, July 09, 2006

Passeio Solitário ou Duras Penas ou Segura a Galinha voando no Peito

Estou aqui...preso neste planeta, chamado "Terra" na lingua portuguesa...pouco importa o nome. Estou aqui cumprindo pena. Submetido as minhas necessidades, submetido ao meu corpo, a sociedade que vivo, aos meus condicionamentos. O pior! Cumpro pena, mas não sei qual o meu crime, nem meu algoz, poderia chamá-lo de Deus. Ora, Deus? Este não era aquele que liberta, que assim seja, se alguém pode libertar um outro alguém de algum cárcere, este alguém deve possuir chaves. Amar a Deus é a obrigação de amar àquele que lhe penitencia, amar a Deus é uma obrigação quase inquestionável, depois de tanto tentar fugir disto implantado na minha alma, chamado corpo, e com ele todas as programações de subserviência, vejo que a única saída é amar. Amar ou esquecer. Não posso esquecer...quanto mais tento esquecer mais dura torna-se minhas condições de vida...então acabamos por travar uma luta de sobrevivência, uma quebra-de-braço. De um lado, eu próprio, fraco, com medo, assustado, gritando para todos que sou forte, na minha cara está estampada, crispada a face da tristeza; do outro o soberano Deus, calmo, gentil, forte, sem nada dizer, ele é o dono do jogo, apenas me sede a luta porque é bom.
Ele me imputa as mais duras penas e fico aqui, tento respirar a última molécula de oxigênio. Livre arbítrio é uma leve ironia divina. É como a Ilha do Diabo de Papilon, você está livre para viver, desde que limitado pelas águas profundas do mar, vigiadas por tubarões. Questiono-me! Que Pena? Que pena escreve minha história, que pena cumpro, que duras mãos segura a pena, suporto as duras penas? Pior que cumprir pena, é não saber o crime cometido, é ter a leve sensação de que sou inocente. Sim , sou livre, livre para me dedicar aos vícios, sou livre para antecipar algo que chegaria sem muito esforço, por que não esperar com pequenos vícios? Por que subtrair os vícios? São eles que fazem o tempo miúdo. Os vícios é a liberdade da rebeldia, é a revolta contra os deuses.Sei que o perverso e caústico Deus, rir das minhas vãs tentaivas de palavras, é como ele soubesse que teclas vou apertar antecipadamente, prever até os meus erros de digitação, prever ou controla, sinto que está sempre a minha frente, o que fazer? Sentar numa pedra, olhar o mar. Não sei? Outro dia, pensei, sou um homem que Caminha, neste instante fiquei feliz por esta possibilidade, por este prazer tão simples, por saber que posso caminhar, passeiosolitário, mesmo que muitos ao nosso lado, as vidas são eternos passeios solitários...

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