Sunday, June 25, 2006

Carnaval 2005 - II

Ontem eu fui para o carnaval, e como estava um pouco inseguro resolvi sair de bota que parecia um coturno. Ficamos quase uma hora tentando estacionar um carro que tinha 6 pessoas, digo de passagem que era um carro popular, logo tinha alguém em cima da marcha. Decidimos, enfim, pagar R$ 10,00 por um estacionamento, que depois de uma hora com o carro na primeira marcha e o colega em cima...da marcha... foi até barato. Surgiram aqueles comentários: “porque não fizemos isso antes”. Antes de entrar na via de fato do carnaval já tínhamos perdido uma parte do grupo. Descemos a Barra pelo Morro do Gato do lado direito, e nos deparamos com uma cachoeira que tem sua nascente no barro vermelho nesta época do ano. Cachoeira é exagero, mas é uma mistura de barro com urina masculina, graças a deus que estava de coturno. Estava animado, comprei uma cerveja, dancei com a vendedora (com esta mania de ser do povo) que me dava barrufadas de um cigarro barato, eu acho que era Derby. Estava passando o Rapazzola, uma colega fez um comentário que era muito bom, que ele tinha uma voz para o axé e animava bastante. Realmente o cara é bom nisso, eu só não ouvir ele cantando uma música inteira, ora ele “animava” (conversava) com a multidão, ora chorava, dizendo que teve um sonho realizado. Contudo, ganhei à noite quando ele no epicentro do Circuito Dordor, bem em frente do camarote da Skol, ele perguntou: cadê a galera de Pernambués? E no meio daquela multidão só duas vozes se alteraram, a minha e a do meu irmão, para mim foi fantástico, fiquei até emocionado.
Eu estava até me saindo bem diante das confusões, eu fiquei atrás daqueles bancos de observação da PM, não vi briga nenhuma quando estava parado. Então, resolvi sair, e tive sorte, quando eu passava, logo depois tinha briga, ou seja, por questões de segundos não era coadjuvante da briga. Eu não vi briga nenhuma, mas sabia que alguma coisa acontecia, até porque passava um monte de gente amarrado no cassetete (eu pensava que esta palavra era com dois “c”). O mais triste foi ver um rapaz 1,75m, com o braço da espessura de um sofá ser espancado por quatro rapazolas (digo de passagem que eram brancos e fortes) até a inconsciência e sua cabeça sendo pisoteada no chão da Barra, antes da polícia chegar saíram correndo vitoriosos, com as madeixas loiras sumindo na multidão. Eu, maluco, fiquei tão indignado que num gesto reflexo, quando a polícia chegou, eu fiquei apontado para o lado que os caras correram, falando para os policiais perseguirem. Eu já estava indo embora, eram 5 horas da manhã, mas depois desta o carnaval acabou este ano para mim. Para me consolar da imagem fiquei imaginando que aquele rapaz tinha feito algo de muito ruim para despertar o ódio de quatro pessoas.
Contudo, fiquei animado também, olhando para cima dos trios, apreciando alguns siliconizados, e admirando os micro-shorts jeans que impedem que as mulheres respirem, mas como você sabe é estímulo contínuo, e logo perde a graça. Fiquei na dúvida, em certo momento, se ficaria bêbado ou não, para suportar o restante das horas, resolvi não procurar este caminho da felicidade, porque meu irmão estava bebendo, e caso precisassem estaria pronto para dirigir. O melhor momento foi quando passou o trio de Carlinhos Brown, o trio sem cordas, bonito, sair acompanhando o trio por um percurso imenso de 200 metros, do clube espanhol até o camarote da Skol, e aí você já sabe, ele ficou colocando músicas de propaganda da Skol, e além do mais o som estava absurdamente alto.
Mas carnaval é isso aí, aiai! Termino com uma frase de amiga: “Não se anime a ir fazer o carnaval nas ruas de Salvador! Não se atormente porque os outros vão e acham fantástico, cada um tem o que merece ou que procura, ou melhor, escolhe!!!”
Um beijo no seu coração, “coração”, isso me lembra alguém.

P.S.: estou admirado com as reportagens do jornal A Tarde, mesmo escrevendo algumas vezes sobre codinome (Columbina Tresloucada) , estão expondo a “ira” do carnaval, junto com a “luxuria” e a “vaidade” e a comercialização do carnaval baiano.

Victor

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